Mini-cursos

Universidade Estadual Vale do Acaraú, Centro de Ciências Agrárias e Biológicas, Herbário Francisco José de Abreu Matos, Laboratório de Fisiologia Vegetal, câmpus Betânia, Sobral, CE, Brasil.
Distribuição da Brioflora em diferentes fisionomias; Ipu rico em Biodiversidade

Tatianna Karinne Angelo Ferreira

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter proporcionado tudo em minha vida e ser a base de minhas conquistas.

À minha família, que sempre torceram por mim, me incentivando.

À meu namorado Mário Monteiro pela sua compreensão e paciência.

Ao Herbário Francisco José de Abreu Matos (HUVA) da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, Ceará, pela doação de duplicatas para estudo e de amostras provenientes da Chapada da Ibiapaba.

Aos profissionais da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) por ajudar na identificação das espécies.

Aos Estudantes que já tiveram seus trabalhos publicados sobre o assunto.

RESUMO

(Antóceros (Anthocerotophyta), hepáticas talosas (Marchantiophyta), briófitas (Bryophyta)) da Bica do Ipu, Ceará, Brasil). A APA da Bica, unidade de conservação de uso sustentável, criada por meio do DECRETO Nº 25.354, de 26 de janeiro de 1999, abrange uma área de 3.484,66 hectares e localiza-se no Município de Ipu, a 391 Km de Fortaleza. O acesso a esta unidade de conservação se dá, partindo de Fortaleza, pela BR 222 e a seguir pela Rodovia CE 187 ao norte do estado do Ceará. No inventário florístico de briófitas realizado na área, foram encontradas as seguintes espécies, Aneura pinguis (L.) Dumort; Fissidens anguste-limbatus Mitt., J. Linn; Fissidens angustifolius Sull; Fissidens crispus Mont., Ann. Sci. Nat; Fissidens lindbergii Mitt., Journ. Linn; Riccia fruchartii Steph. e Riccia stenophylla Spruce, Bull. São fornecidas chaves de identificação para as espécies, distribuição geográfica, comentários referentes à ambiente, substratos e caracteres taxonômicos pertinentes.

Palavras-chave: Briófitas, florística, Nordeste do Brasil, taxonomia.

 

ABSTRACT

(Hornworts (Hornwort), liver talosas (Marchantiophyta), bryophytes (Bryophyta)) of Bica do Ipu, Ceara, Brazil). The APA Bica, protected area for sustainable use, created by the Decree No. 25354 of January 26, 1999, covers an area of ​​3484.66 hectares and is located in the city of Ipu, 391 km from Fortaleza. Access to this protected area is given, from Fortaleza, BR 222 and follow Highway 187 north of the EC state of Ceara. In the floristic inventory of bryophytes to the area, the following species were found, Aneura pinguis (L.) Dumort; Fissidens limbatus anguste-Mitt., J. Linn; Fissidens angustifolius Sull; Fissidens crispus Mont., Ann. Sci Nat, Fissidens lindbergii Mitt., Journ. Linn; Riccia fruchartii Steph. and Riccia stenophylla Spruce, Bull. Keys are provided to species, geographical distribution, comments relating to the environment, substrate and relevant taxonomic characters.

 

Keywords: Bryophyta, floristic, northeastern Brazil, taxonomy.


INTRODUÇÃO

As briófitas correspondem a um grupo de plantas avasculares que ocorrem principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. A maioria se desenvolve em locais consideravelmente úmidos, formando tapetes sobre o solo, pedras, rochas, madeiras em decomposição ou sobre a casca de árvores vivas. As briófitas estão representadas por três filos: Anthocerotophyta, Marchantiophyta e Bryophyta representados

mundialmente por ca. 18.000 espécies.

A região da Chapada da Ibiapaba possui condições ambientais que favorecem o desenvolvimento da flora briofítica. Segundo Souza (1989), a região é um dos mais importantes compartimentos geomorfológicos do território cearense. Sua porção norte consta de condições geoclimáticas que propiciam formação de brejos de cimeira e de encosta, caracterizados pela mata úmida (Fernandes 1990). Exatamente nesses ambientes, verifica-se a maior representatividade das briófitas, o que torna o grupo de importância relevante para a biodiversidade.

Existem também trabalhos que citam espécies ocorrentes no Estado do Ceará, mas nenhum apresenta um levantamento específico e sistemático das briófitas do Estado.

Este trabalho teve como principal objetivo contribuir para o estudo e a elaboração de uma listagem das espécies de briófitas ocorrentes nesta Serra, obtendo assim informações com vista a conservação das espécies e de seus ecossistemas naturais existentes na área, além do conhecimento da diversidade das famílias encontradas, para enriquecer os dados referentes à brioflora do Estado do Ceará e do Brasil.

MATERAL E MÉTODOS

A APA (Área de Proteção Ambiental) da Bica abrange uma área de 3.484,66 hectares e localiza-se no Município de Ipu, a 391 Km de Fortaleza. O acesso a esta unidade de conservação se dá, partindo de Fortaleza, pela BR 222 e a seguir pela Rodovia CE 187. As excursões de coletas foram realizadas de forma aleatória em grande faixa de área da bica, durante os meses entre março e maio de 2012.

Utilizando as técnicas específicas para o manuseio, após as coletas, todos os exemplares foram armazenados separadamente, em sacos de papel, seguidos das respectivas anotações contendo informações sobre do nome do coletor, local, número e data da coleta, além das observações ecológicas, seguindo a metodologia usual descrita em (Yano 1989b,1992). Foram analisadas também amostras depositadas no Herbário Francisco José de Abreu Matos (HUVA) da Universidade Estadual Vale do Acaraú, localizada no Município de Sobral, Ceará.

A distribuição geográfica das espécies foi baseada nos trabalhos de Yano (1981, 1989, 1995, 2006), Yano & Pôrto (2006) e Oliveira & Alves (2007). Grupos briocenológicos aqui são entendidos como as comunidades que crescem em dados substratos (Fudali 2001): corticícola (tronco vivo), epíxila (tronco morto), terrícola (solos), casmófita (substrato artificial - concreto ou argamassa) e epimiconte (fungos não liquenizados); espectro ecológico é entendido como a variabilidade de substratos colonizados, consoante os grupos briocenológicos (Fudali 2000).

A identificação das amostras foi realizada no Laboratório de Biologia Vegetal da Universidade Estadual Vale Acaraú, com a colaboração e supervisão da Profª. Dra. Marlene Matos, pesquisadora do referido Instituto, com o auxílio de literaturas especializadas e por comparação com material já identificado por especialistas.

Trabalhamos com a identificação de exemplares coletados por mim e, em complementação a pesquisa, também foram analisadas e identificadas amostras coletadas por outros pesquisadores e colaboradores, assim como amostras contidas no herbário HUVA.

As espécies estão organizadas em ordem alfabética e, para cada uma, são fornecidos distribuição geográfica mundial e brasileira e comentários referentes a ambiente, substrato e caracteres taxonômicos importantes. Foram ilustradas aquelas espécies que contam com poucas ilustrações na literatura. As novas ocorrências para o Estado do Ceará estão assinaladas com um asterisco (*).

 

Figura 1: Área de coleta, Município de Ipu - Ceará – Brasil.

RESULTADOS E DISCURSSÃO

Foram trabalhadas até o momento 20 amostras, compreendendo a ocorrência de 3 famílias, 7 gêneros e 7 espécies. A família mais representativa foi a Fissidentaceae.

Na maioria das vezes sobre rochas, troncos de árvores, folhas vivas e mortas e no chão, tais locais criaram um ambiente mais propício ao desenvolvimento de briófitas, pois fornecem mais sombra e, principalmente, umidade.

Aneuraceae

Aneura pinguis (L.) Dumort., Comment. Bot. 115. 1822. Jungermannia pinguis L., Sp. Pl. 1753.

Descrição: Hell (1969) como Riccardia pinguis (L.) Gray.

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, bica do Ipu, 10.III.2007, H.C. Oliveira 642 (HUEFS).

Distribuição geográfica: Cosmopolita. No Brasil: AM, MG, MS, RJ e SP.

Encontrada próximo a queda d’água, como rupícola, colonizando rochas úmidas, associada a Cyclodictyon varians (Sull.) Kuntze e Lejeunea laeta (Lehm. & Lindenb.)

Lehm. & Lindenb. Segundo Gradstein & Costa (2003) todos os registros de A. pinguis para o Brasil devem ser revistos devido à similaridade desta espécie com A. pseudopinguis (Herzog) Pócs, no entanto, a primeira diferencia-se pelo talo mais espesso, com 9–18 células de compr. em secção transversal e ramos masculinos pequenos. De acordo com Hell (1969) a espécie ocorre sobre madeira em decomposição, húmus, rochas e barrancos, próximos à cursos d’água.

Esta é a primeira citação para a Região Nordeste.

Fissidentaceae

*Fissidens anguste-limbatus Mitt., J. Linn. Soc., Bot. 12: 601. 1869.

Descrição: Pursell (2008)

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, Bica do Ipu, 10-III-2007, H.C. Oliveira 643 (HUEFS).

Distribuição geográfica: Américas do Norte, Central e do Sul. No Brasil: AC, AM, MT, MG, PA, PR, PE, RJ, RS, RO, RR, SC e SP. Amplamente distribuída no país, ocorrendo em todas as regiões.

Encontrada próximo a queda d'água, crescendo sobre barranco. Segundo Pursell (2008) pode ser encontrada também submersa em rios e riachos. A espécie é facilmente reconhecida pelos filídios largos, com bordo forte em toda a extensão da lâmina e células pequenas e lisas.

*Fissidens angustifolius Sull., Proc. Amer. Acad. 5: 275. 1861.

Descrição: Pursell (2008)

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, Bica do Ipu, 10-III-2007, H.C. Oliveira 672, 675, 679, 688, 694 (HUEFS);

Distribuição geográfica: Américas do Norte, Central e do Sul, Ásia e Ilhas do Pacífico. No Brasil: AM, PA, RO, e SP. Tendo sido citada para as regiões Norte e Sudeste, a espécie apresenta uma distribuição descontínua no Brasil, o que demonstra a necessidade de mais coletas nas outras regiões. Esta é a primeira citação para a região Nordeste.

Encontrada na mata e próximo a quedas d'água, sobre troncos de árvores, rochas úmidas e solo, crescendo associada à F. lindbergii Mitt., Bryum mattogrossense Broth. e Philonotis cernua (Wilson) D.G. Griffin & W.R. Buck. Segundo Pursell (2008), pode ser encontrada sobre solo, rochas calcárias e troncos caídos na mata. A espécie já foi incluída no conceito de F. zollingeri Mont. (citada como Fissidens kegelianus C.M.) no trabalho de Florschütz (1964), entretanto, segundo Sharp et al. (1994) é possível distingui-las pelas células unipapilosas presentes em F. angustifolius e ausentes em F. zollingeri. F. angustifolius caracteriza-se ainda pelos filídios estreitos com margem inteira e limbídia percorrendo toda a extensão da lâmina

*Fissidens crispus Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. II, 9: 57. 1838.

Descrição: Pursell (2008)

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, Bica do Ipu, 10-III-2007, H.C. Oliveira 669 (HUEFS).

Distribuição geográfica: Américas do Norte, Central e do Sul e Ásia. No Brasil: AM, BA, PR, RS, SC e SP. A espécie apresenta distribuição descontínua, sendo citada para as regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil.

Encontrada próximo a quedas d'água, crescendo sobre rochas e barrancos úmidos, associada à Fissidens serratus Müll. Hal. De acordo com Pursell (2008), pode ocorrer ainda colonizando troncos e ramos vivos ou em decomposição. Sharp et al. (1994) caracteriza a espécie pelos filídios crispados, com margens mais ou menos inteiras e costa percurrente. Fissidens crispus caracteriza-se ainda pela limbídia terminando próximo ao ápice e células da lâmina irregularmente hexagonais a quadráticas, lisas, retangulares próximo à porção inferior da costa.

*Fissidens lindbergii Mitt., Journ. Linn. Soc. Bot. 12: 602. 1869.

Descrição: Pursell (2008)

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, Bica do Ipu, 10-III-2007, H.C. Oliveira 684, 694 (HUEFS)

Distribuição geográfica: Américas Central e do Sul e Ilhas Ocidentais. No Brasil: GO e RJ. Os poucos registros para o Brasil demonstram a necessidade de mais coletas nas diversas regiões do país. Esta é a primeira citação para a região Nordeste.

Encontrada na mata e próximo a quedas d'água, sobre piso de cimento, rochas e barrancos úmidos em ambientes semi-ensolarados, crescendo associada à Fissidens angustifolius e Fissidens crispus. A ocorrência sobre substratos de cimento e tijolos é citada como rara por Pursell (2008). A espécie é próxima de Fissidens flaccidus, distinguindo-se pela costa mais curta e pela célula apical vermelha.

 

Ricciaceae

Riccia fruchartii Steph., Bull. Herb. Boissier. 6: 330. 1898.

Descrição: Jovet-Ast (1991)

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, bica do Ipu, 10.III.2007, H.C. Oliveira 641 (HUEFS).

Distribuição geográfica: América do Sul. No Brasil: PR, RJ, RS, SC e SP.

Encontrada próximo a quedas d’água, como terrícola e rupícola, colonizando rochas e barrancos úmidos. Não foi possível analisar o esporófito. No entanto, as características do gametófito, principalmente a margem hialina do talo, tornaram possível a identificação desta espécie. A espécie ocorre sobre solos e rochas expostos, em ambientes abertos (Gradstein & Costa 2003). Esta é a primeira referência para a Região Nordeste.

Riccia stenophylla Spruce, Bull. Soc. Bot. France 36: 195. 1889.

Descrição: Hássel de Menéndez (1962);

Material examinado: BRASIL. Ceará: Ipu, Bica do Ipu, 10.III.2007, H.C. Oliveira 677 (HUEFS);

Distribuição geográfica: Largamente distribuída na América tropical e subtropical. No Brasil: BA, CE, ES, GO, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP.

Encontrada em ambiente de mata úmida e sombreada, próximo à queda d’água e em trilhas expostas ao sol, como rupícola e terrícola, colonizando solos e rochas úmidos. A espécie caracteriza-se pelo talo dicotomicamente dividido em segmentos finos, com até 0,5 mm de larg. e esporos com 3–5 areolações na superfície distal (Gradstein & Costa 2003). De acordo com os mesmos autores, R. stenophylla ocorre, geralmente, sobre solos úmidos próximos a rios e lagoas, podendo ser encontrada também flutuantes, em águas paradas. As famílias de antóceros ocorreram com uma espécie cada. Anthoceros punctatus apresenta distribuição geográfica mundial restrita à América tropical e subtropical.

O espectro ecológico obtido foi rupícola - terrícola - corticícola - epixílica - casmófita, onde o grupo briocenológico rupícola foi predominante, sendo rocha o substrato preferencial.

Diante dos resultados obtidos, nota-se a riqueza de espécies de briófitas na bica de Ipu. Mas revelam ainda a necessidade de aprofundamento dos estudos de briófitas na área.

CONCLUSÃO

As espécies encontradas, colaboram para a intensificação dos estudos deste grupo na região. Em relação a outros levantamentos realizados em áreas, observa-se que a Bica apresenta considerável representatividade quanto à sua flora briofitica. Portanto é uma área com diversidade muito grande e o seu conhecimento irá ajudar na preservação e conservação da área.

Maiores esforços estão sendo realizados para se conhecer a brioflora dos ecossistemas encontrados nessa área e este levantamento continuará sendo realizado. O presente trabalho apresenta o estudo de uma pequena parte das espécies existentes coletadas e identificadas durante o período de abril a maio de 2012 e foi realizado de modo a abrir novas frentes de pesquisa para os que se interessam pelo grupo não só na instituição e área de estudo, mas em todo o estado do Ceará.

Sendo assim, os resultados aqui apresentados buscam colaborar com a necessidade de se intensificar os inventários florísticos de briófitas no Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, MMA. 2002. Avaliação e identificação das áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos Biomas brasileiros. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.         

BRITO, A.E.R.M. & PÔRTO, K.C. 2000. Guia de estudos de briófitas: Briófitas do Ceará. Edições Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.         

Revista Brasileira de Botânica – Fissidentaceae (Bryophyta) da Chapada da Ibiapaba, Ceará, Brasil. vol.33 no.3 São Paulo July/Sept. 2010. Link: file:///E:/tabalho de briofitas.html

YANO, O. 2006. Novas adições ao catálogo de Briófitas Brasileiras. Boletim do Instituto de Botânica 17:1-142.       

YANO, O. & COSTA, D.P. 1992. Novas ocorrências de briófitas no Brasil. In Anais 8º Congresso da Sociedade Botânica de São Paulo (R.R. Sharif, ed.). Campinas. p.33-45.   

YANO, O. & PÔRTO, K.C. 2006. Diversidade das briófitas das Matas Serranas do Ceará, Brasil. Hoehnea 33:7-40.        

YANO, O. 2010.  Levantamento de novas ocorrências de briófitas

Brasileiras. São Paulo, Instituto de Botânica, Brasil.

As Briófitas

Um grupo formado por mais de 18.000 espécies de plantas pequenas, geralmente com poucos centímetros de altura,que crescem habitualmente sobre o solo, troncos de árvores e rochas de ambientes úmidos e sombrios.

Uma das características mais marcantes das briófitas é a ausência de vasos para a condução de nutrientes. Estes são transportados de célula a célula por todo o vegetal. É por isso que não existem briófitas muito grandes. O transporte de água de célula a célula é muito lento e as células mais distantes morreriam desidratadas.

Os musgos e as hepáticas são os principais representantes das briófitas. O conjunto de musgos forma uma espécie de "tapete" esverdeado, observado comumente nos solos, muros e barrancos úmidos. Podem formar uma ampla cobertura sobre o solo, protegendo-o contra a erosão.

As briófitas não tem raízes. Fixam-se ao solo por meio de filamentos chamados rizóides, que absorvem a água e os sais minerais de que o vegetal necessita. Também não possuem verdadeiro caule. Tem uma haste denominada caulóide que não apresenta vasos para a condução da seiva. Suas "folhas" denominam-se filóides e são apenas partes achatadas do caulóide.

 

A essência do mundo para Schopenhauer

Este trabalho tem como objetivo apresentar a concepção de Schopenhauer sobre a essência do mundo, denominada por ele de Vontade; isto é: um princípio irracional que tem se alastra por tudo o que é, em outras palavras, funda o incessante querer viver. Esta essência do mundo, a substância ou a coisa em si, perpassa toda a natureza com seu fluxo incessante de modo que não existe para ela vida ou morte, pois como não lhe é conhecida a noção de tempo, assim como é para o indivíduo, simplesmente se manifesta no mundo para objetivar-se, ou seja, ser. Ora, sendo o indivíduo um fenômeno submetido ao princípio da razão, e o único a ter consciência de tal manifestação, não deve aterrorizar-se diante da morte, haja vista estar submetido a essa vontade irracional de querer viver, que faz surgir e desaparecer os fenômenos; sendo assim, nossa essência nunca desaparece, no fundo somos imortais por fazermos parte desta vontade, pois onde há mundo há vontade. Portanto, para Schopenhauer, vivemos apenas para continuar a viver e daí se segue a noção de amor, que faz unir o homem e a mulher, e que não é mais que um simples desejo de reprodução da espécie; é a vontade cega se manifestando num novo indivíduo que quer vir ao mundo.  

 

Paulo Rodrigues Souza do Nascimento

Curso: filosofia

Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA

A COLEÇÃO DE MACHADO DO MUSEU DOM JOSÉ

Autor (a) Tereza Maria Silva Oliveira

Aluna do Curso de História - UVA

terezaclio@yahoo.com.br

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a cultura indígena local, através da coleção de machados do Museu Dom José (MDJ) localizado na região Centro - Norte do Estado do Ceará. Tendo como fundador o 1º Bispo de Sobral Dom José Tupinambá da Frota, que durante a década de 20 até 1959, (data de seu falecimento) reuniu um vasto acervo, principalmente do Ceará, Piauí e Maranhão. A coleção de machados do Museu que constitui o foco de nossa pesquisa tem como referência o período pré – colombiano, por abordar os vestígios materiais como fonte de pesquisa relativa à cultura indígena. Se tratando de uma pesquisa em fase preliminar, não temos a pretensão de apresentar resultados finais, buscamos conhecer e sistematizar a coleção de machados, que tem seu eco em acervos particulares e espólios destas regiões interioranas. Sendo característico do material lítico local, da natureza que encontramos na coleção, que este não tenha sua origem definida arqueologicamente, devido à maioria destas peças serem encontradas no meio rural em roçados e campos. Ocorrendo achados casuais seguidos de coleta predatória por agricultores e curiosos, que vão aparecendo no decorrer que as descobertas se tornam freqüentes. Favorecendo o colecionismo e a descaracterização de sítios arqueológicos que se encontram vulneráveis pela ausência de pesquisas cientificas na região, acentuando este hiato de informações sobre a cultura dos povos indígenas locais, que submergem na carência de pesquisas arqueológicas até o presente. Diante da problemática de averiguar se a diversidade indígena está refletida nas peças, visualizamos na coleção do Museu Dom José a possibilidade de se repensar a cultura indígena a partir da cultura material, como representativa dos grupos indígenas da região de modo que seja possível pensar a variedade da cultura, para além do conceito de arte primitiva ou curiosidade exótica. Nos percalços da pesquisa histórica nos defrontamos com a falta de informações na identificação dos machados, imprescindíveis para compor dados dedutíveis a partir de sua contextualização locacional. Pois a institucionalização de artefatos em Museus não significa propriamente que o acervo tenha sido estudado, a exemplo dos que se segue (Museu de Pacujá na região norte – CE, Museu Dom José). Mais que se encontram sobre a salvaguarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Palavras chave: Museu; Machado; Cultura Indígena.

“A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o maravilhoso nome de Iracema. Tudo passa na terra”: a anunciação da morte indígena em José de Alencar.

Carla Regina Alves Teixeira[1]

O presente trabalho tem como objetivo discutir a questão indígena tomando como documento o romance Iracema de José de Alencar. Para assim perceber o discurso de morte indígena presente no século XIX em meio à construção de uma identidade brasileira e a tentativa de inserção do Brasil no rol dos países “civilizados”. Dialogaremos com os clássicos da história do Ceará, com autores que discutem a relação entre história e literatura e com autores sociais representantes de uma concepção de história que nega a morte indígena e enfatizam sua resistência. 

A história indígena atual, pautada na história social, recusa a sentença de extinção histórica e folclorização de suas manifestações culturais. Deste modo contestam o índio mostrado por Alencar. Se formos analisar os discursos populares encontraremos o paradoxo já mencionado (“selvagem x “bom-selvagem”), nosso trabalho pretende então romper com os paradigmas, mostrando o índio como um sujeito que resistiu e também colaborou, para assim sobreviver em meio a um espaço de colonização, escravidão e evangelização que não tem nada de mítico a não ser a memória que se construiu sobre ele. Sabemos que não basta escrever para outros historiadores, é necessário que os trabalhos acadêmicos rompam os muros das Universidades e cheguem ao lugar social do qual se fala. Por isso é importante escrever sobre algo que gostamos, pois levaremos o tema conosco para sempre, e nos locais onde estivermos disseminaremos sobre o mesmo. E para onde vamos? Creio que a maioria vai para a sala de aula, portanto e lá que nosso trabalho vai atingir sua relevância social.


[1] Graduada em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú.

 

QUANDO O TRABALHO ADOECE: UMA ANÁLISE SOBRE O TELEATENDIMENTO

Aurélio Cassiano de Oliveira (Aluno), Adelita Neto Carleial (Orientador)

aureliocassianosociologia@gmail.com

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

CENTRO DE HUMANIDADES (CIÊNCIAS SOCIAIS)

 

Resumo

O modo como se dá a racionalização do processo de produção capitalista no setor de callcenter, tem sido atualmente motivo de questionamento sociológico devido ao fato de que este, além de ocasionar a precarização do trabalho, causa também o adoecimento físico-psíquico do trabalhador. Diante disso foi desenvolvido um estudo na cidade de fortaleza com objetivode investigar e analisar como se dá o processo de adoecimento dos teleoperadoresnas organizaçõesresponsáveis por realizar atividades de teleatendimento. Para o desenvolvimento do estudo foi utilizando como opção metodológica, a dialética marxista quanto fonte bibliográfica, observações e entrevistassemi-estruturadas, quanto estudo de campo, no intuito de apresentar uma analise qualitativa da problemática. Após a concretização da análise dos dados, constatamos que o trabalho repetitivo, as pressões interna para a produção do capital, os controles produtivos empregados no sentido de orientar o trabalho dos teleatendentes, causa sérios problemas de saúde, como distúrbios físicos e distúrbios psíquicos, a estes trabalhadores.

Palavras-chave: Racionalização, Call Center, Teleoperadores, Adoecimento.

 

O DISCURSO IDEOLÓGICO VEICULADO NAS HISTÓRIAS INFANTIS

                                                 Iris Dayane Lopes Rodrigues               

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo um estudo aprofundado acerca do repasse de ideologias realizado através da literatura infantil, observando as suas causas e os seus efeitos no meio onde a mesma foi propagada por um longo percurso de tempo, a fim de que se possa entender como o texto literário serve como instrumento de convencimento também no meio pueril. Segundo Marx, ideologia é o conjunto de ideias, bem como de normas de conduta, por meio das quais o individuo é levado a pensar, sentir e agir da maneira que convém à classe que detém o poder. Essa ideologia é repassada às massas por meio de diversas formas de mídia, sendo os contos infantis uma delas. O presente trabalho busca compreender as estratégias utilizadas nos contos infantis, afim de que eles possam agir como instrumento ideológico e alienador. E ainda perceber como o símbolo atua nessa perspectiva de ideologização. Embasado na teoria de Fiorin que defende a existência de “dois níveis de realidade: um da essência e um da aparência, ou seja, um profundo e um superficial, um não-visível e um fenomênico”. Sendo que é a partir desse último que “constroem-se as ideias dominantes numa dada formação social. Repassando para a criança uma concepção de mundo que segue as normas da elite, fazem-na pensar que as coisas sempre foram e serão dessa maneira e que os comportamentos e funções de cada um são tão naturais como fenômenos meteorológicos. Essa discussão se encontra apoiada no seguinte embasamento teórico, servindo-se das teorias enunciativas e discursivas de BAKHTIN (1997), FIORIM (1993), MICHELETTI (1988), FOUCAULT (2007) e MAINGUENEAU (1997); na concepção de ideologia de MARX  e ENGELS;  nos estudos sobre a Literatura infantil realizados por CHAUÍ (1984), COELHO (1991 e 2008) e ZILBERMAN (2005); e buscando também o apoio do contexto histórico e suas influências através de DARTON (1986), como também do psicologismo de BETTELHEIM (2002).  Essa pesquisa que ainda se encontra em andamento tem oportunizado a análise do discurso literário, enquanto veículo propagador de pensamentos e credos sociais, em versões de histórias direcionadas ao púbico infantil.

PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Ideologia. Literatura infantil. Valores sociais.

 

 

Liberdade, responsabilidade e alteridade em Jean-Paul Sartre

 

Autora: Francisca das Chagas Ávila Gonçalves

Orientador: Jefferson Alves de Aquino

 

Introdução: O Existencialismo é um humanismo é uma conferência pronunciada por Sartre em 1946 com o intuito de defender sua escola filosófica de objeções amplas que lhe vinham sendo feitas. A obra dá ensejo a que o filósofo francês retome reflexões primordiais de O Ser e o Nada e reafirme a condição do humano, o para-si, como liberdade. A liberdade seria, antes de tudo, paradoxal: o para-si não é livre para cessar de ser livre, está condenado a ser livre. Diferentemente do em-si, não tem uma natureza dada, não é determinado absolutamente, faz-se à medida que existe. Isso implica como consequência a necessidade de assumir a responsabilidade de suas próprias escolhas, de tal maneira que seu projeto de vida será resultante da ação com que se projeta. Acusou-se Sartre de reforçar com o Ser e o Nada uma filosofia burguesa de exagerado subjetivismo e individualismo. O Existencialismo é um humanismo tentará responder a tal acusação. A proposição por Sartre da liberdade como constitutiva da condição humana, põe-nos o problema da alteridade à medida que nenhuma moral pode ser vista como a priori, dada a indeterminação mesma com que o para-si é revestido. Se não há moralidade a que se ater, a não ser aquela que o para-si escolhe para si mesmo, por que preocupar-se com o outro? Chegamos à conclusão de que a liberdade não implica irresponsabilidade, mas consciência de que, enquanto ser-no-mundo, o para-si ao escolher seu projeto de vida deve levar em consideração o outro, de tal maneira que não é abandonada a reflexão acerca da alteridade, mas reforçada.

 

A QUESTÃO DO CONCEITO DE TÉCNICA DE HEIDEGGER A JONAS

José Erivaldo da Ponte Prado[1]

RESUMO: A presente proposta de comunicação tem como objetivo explanar o conceito de técnica a partir de Heidegger a Hans Jonas. Entendemos que tal princípio, no âmbito de uma filosofia da natureza, é capaz de proporcionar um diálogo crítico e reflexivo em plena civilização tecnológica do século XX. Para isso, Jonas mostra a necessidade humana de atuar frente ao enorme poder transformador da tecnologia. Associando a figura mitológica do Prometeu à ciência moderna desenfreada, Jonas reclama e exige uma ética que impeça o poder do homem de se tornar uma ‘maldição’ para ele mesmo. Nesse sentido, pretendemos analisar o tipo de relação que o homem mantém com a técnica e, ao mesmo tempo, refletir acerca dos valores éticos possíveis em um contexto tecnológico. Com efeito, seguiremos de muito perto o pensamento de Jonas, cujo arcabouço teórico parece pertinente ao conjunto de questões por nós almejadas, ou seja, questões acerca da ecologia e dos avanços da técnica em detrimento à ordem natural e à dignidade humana como viés a responsabilidade.

Palavras – chave: Jonas. Técnica. Responsabilidade. Imperativo. Ética.


[1] Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará – UECE.

 

Simpósio Ipu